sexta-feira, 30 de setembro de 2016

PSICOLOGIA DA MULHER DEPOIS DOS 30

EPIDERME EMOCIONAL DA MULHER DEPOIS DOS 30.

Naquela manhã ela acordou de forma estranha, tudo estava como antes, entretanto, a sensação era de despersonalização, ou seja, não tinha ainda vivenciado nada igual. Apressadamente, fez um inventário de suas lembranças, mas não encontrou nada que pudesse justificar a estranheza experimentada. Antes de sair para o trabalho, cumpriu o ritual de escolher o batom mais acertado para aquele dia.

Quando foi fechar a gaveta notou um protetor solar , esgotado, quase pelo fim, ali, escanteado no fundo da gaveta. Quando foi escovar os dentes, notou outro frasco, de protetor solar, fator 50, a encarando com toda sisudez que cabia naquele momento. Nesse instante travou um diálogo consigo mesma.

- Tenho que comprar outro protetor solar!

Naquele momento o protetor solar despertou um gatilho, acionou a percepção de que algumas linhas de expressão se avolumavam em sua face. De alguma forma, depois de certa idade a preocupação do protetor solar é quase um indicativo de que você já cometeu muitas loucuras com sua epiderme. Naquele instante lembrou de quando ficava exposta à radiação solar sem critério, durante horas, no sol escaldante, com suas amigas. Naquela época não imaginaria que um dia sua pele ficaria ressentida. Naquele lapso mental, disse:

-Por que não comecei usar antes?

Ela ficava em dúvida se o protetor era eficaz, pois a ardência vinha do lado avesso da pele-de dentro. Sem saber ao certo o que era, desconfiava que o protetor estava vencido.

Na verdade aquela pessoa entrou em uma fase de ponderação, naquela altura da vida não era mais permitido abusar. A palavra de ordem era conscientização e cautela, assim recomendava com propriedade a todos o que podia ser prejudicial e perigoso.

Enfim, ensinava o que nunca tinha aprendido.

Depois de muitas loucuras, desatinos, aquela mulher precisava de cautela não só com a pele, a proteção emocional também era urgente. Assim sendo, a pretexto do protetor solar tomava consciência do desleixo da epiderme da alma.

A exigência de se proteger das agressões emocionais externas era urgente, o protetor solar era indispensável, pois ela quando o usava de alguma forma se redimia da culpa de ter negligenciado o cuidado que deveria ter tido durante mais tempo.

As suas emoções também estavam desbotadas e ofendidas por amores impossíveis e desatinos relacionais. Atualmente, estava em uma entressafra emocional. A maneira de se proteger foi ficando distante de tudo e de todos, numa forma de não se expor mais. Afinal, restava para aquela mulher, alojar-se em um bunker afetivo, distanciando-se emocionalmente de todas as possibilidades do amor verdadeiro.

O protetor solar naquela manhã havia despertado a percepção das agressões que foram provocadas em sua pele externa, assim a reboque foi levada a perceber com rigor a epiderme interior, isto é, o forro de sua alma.

Sem saber como se proteger da ameaças emocionais, tornou-se para si mesma a própria ameaça, quando se isolou em uma armadura emocional que a protegia do que vinha de fora, claro, cozinhando na fervura o que deixava de sair de dentro de si mesma.


Marcos Bersam.
Psicólogo clínico

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