PSICOLOGIA DA AUTOACEITAÇÃO.
Cansado da admiração das pessoas.
A minha salvação foi ter a
certeza que ele era fisicamente menor do que eu, pois a minha covardia não
podia ter sido curada da noite pra o dia, por isso tive coragem de prosseguir o
diálogo. De fato, aquele homem de estatura diminuta e de corpo franzino tinha
uma autoconfiança incrível, quando o assunto era capacidade de realização.
A
certa altura da conversa ele questionou: - Você acha mesmo que preciso de um
Psicólogo?
Inegavelmente, tal sujeito era um
empreendedor nato, ou seja, tinha habilidade e talento de sobra, conseguia
liderar pessoas, impulsionar sonhos, realizar sem parcimônia. A sua capacidade de alavancar ideais, motivar
pessoas e colecionar aplausos era incontestável. Na verdade ele tinha consigo a
seguinte crença: - Preciso ser admirado para ser aceito!
De repente, a admiração não mais
solucionava sua necessidade de autoaceitação, durante um tempo ele conseguia
compensar sua dificuldade de auto aceitação buscando sucesso profissional. Havia um certeza de que sem a imagem de
realizador podia não mais ser amado, ele precisava verificar a dúvida acerca de
seu real valor. E para isso precisava abandonar o lugar seguro de “homem de
sucesso”. Vejo que nossas escoras e muletas
emocionais, também desgastam com o passar do tempo.
O tédio se abateu sobre ele de
forma impiedosa, a falta de vontade e interesse pelo trabalho começou a
emoldurar o novo cenário mental. O desalinho de suas emoções abriu brechas para
os vícios oportunistas de sua mocidade, assim o abuso do álcool depois trabalho,
junto com jogos de azar eram frequentes após o expediente. Enfim, a autoaceitação
era urgente, não tinha como mais ele buscar no aplauso externo, no sucesso
profissional o analgésico para suas dores mais profundas, por exemplo, era
necessário ele entender que precisava primeiro aceitar-se com dignidade, longe dos holofotes
de uma admiração profissional que nunca foi capaz de diminuir o medo de não ser
amado.
Marcos Bersam
Psicólogo
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