terça-feira, 2 de agosto de 2016

CANSADO DO SUCESSO PROFISSIONAL

PSICOLOGIA DA AUTOACEITAÇÃO.
Cansado da admiração das pessoas.

A minha salvação foi ter a certeza que ele era fisicamente menor do que eu, pois a minha covardia não podia ter sido curada da noite pra o dia, por isso tive coragem de prosseguir o diálogo. De fato, aquele homem de estatura diminuta e de corpo franzino tinha uma autoconfiança incrível, quando o assunto era capacidade de realização.

A certa altura da conversa ele questionou: - Você acha mesmo que preciso de um Psicólogo?
Inegavelmente, tal sujeito era um empreendedor nato, ou seja, tinha habilidade e talento de sobra, conseguia liderar pessoas, impulsionar sonhos, realizar sem parcimônia.  A sua capacidade de alavancar ideais, motivar pessoas e colecionar aplausos era incontestável. Na verdade ele tinha consigo a seguinte crença: - Preciso ser admirado para ser aceito!

De repente, a admiração não mais solucionava sua necessidade de autoaceitação, durante um tempo ele conseguia compensar sua dificuldade de auto aceitação buscando sucesso profissional.  Havia um certeza de que sem a imagem de realizador podia não mais ser amado, ele precisava verificar a dúvida acerca de seu real valor. E para isso precisava abandonar o lugar seguro de “homem de sucesso”.  Vejo que nossas escoras e muletas emocionais, também desgastam com o passar do tempo.

O tédio se abateu sobre ele de forma impiedosa, a falta de vontade e interesse pelo trabalho começou a emoldurar o novo cenário mental. O desalinho de suas emoções abriu brechas para os vícios oportunistas de sua mocidade, assim o abuso do álcool depois trabalho, junto com jogos de azar eram frequentes após o expediente. Enfim, a autoaceitação era urgente, não tinha como mais ele buscar no aplauso externo, no sucesso profissional o analgésico para suas dores mais profundas, por exemplo, era necessário ele entender que precisava primeiro  aceitar-se com dignidade, longe dos holofotes de uma admiração profissional que nunca foi capaz de diminuir o medo de não ser amado.

Marcos Bersam

Psicólogo

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