sábado, 16 de julho de 2016

NÃO TENHO MAIS ENTUSIASMO.

PSICOLOGIA DA CATEDRAL.

Certa vez, num fim de tarde primaveril, quando o sol ensaiava encerrar seu compromisso luminoso, o expediente daqueles operários parecia também estar encerrando naquele dia, na avenida movimentada. Nesse ínterim, um menino questionou a um dos operários o seguinte: O que você está fazendo? Prontamente, aquele operário garantiu que estava apenas enfileirando tijolos e levantando uma parede. O espirito de curiosidade daquele menino não se contentou com a resposta e arriscou sondar a opinião de outro operário que trabalhava na mesma obra. Assim ao receber a indagação do menino, sabiamente, o outro operário disse:   

-Estou erguendo, aqui, uma catedral!

A psicologia tradicional falou muito do principio do prazer e do princípio da realidade, entretanto negligenciou o principio da transcendência. Existe uma legião de pessoas levantando paredes, inclusive sem ver a harmonia do todo; negligenciando o fim de suas ações. A execução mecânica confisca o entusiasmo, anestesia a paixão, embrutece o trabalho. As paredes são sedutoras por bloquear o horizonte, dificultar a visão horizontal. Então, algumas pessoas na verdade não levantam paredes; mas, sim, defesas e muralhas emocionais. 

O operário que entende que ergue uma catedral, na verdade, faz sua tarefa norteada pelo “alto”, emoldurado por estrelas segue inspirado. O senso de transcendência torna-se arquiteto sensato no projeto de criação da engrenagem cósmica. Por fim, devemos nos perguntar se não estamos apenas levantando paredes, sem a noção da obra final. O senso de transcendência impede o azedume da queixa, impulsiona o entusiasmo, reverte a lógica do instinto, asfixia o imediatismo, alavanca a paixão, contagia pessoas e serve de modelo e guia para os combalidos e entediados. No final, convida todos a tornarem-se operários celestiais.

Marcos Bersam
Psicólogo Clínico

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