segunda-feira, 25 de julho de 2016

COMPLICANDO AS COISAS.

PERGUNTA EMBARAÇOSA.

Aflição seria pouco para descrever o estado daquela jovem mãe, havia uma enxurrada de ligações no meu telefone, embora não soubesse imaginar o teor do assunto a ser tratado. Assim quando foi possível, fui informado que sua filha de 04 anos chegou da escola como de costume, com uma situação inusitada. Num misto de perplexidade e embaraço, a mãe daquela garotinha queria saber como agir com a filha. A preocupação girava em torno de uma pergunta fora do cenário mental daquela jovem mãe. Depois de voltar da escolinha e tomar o lanche vespertino, a menina encarou a mãe e disparou: 

Ah! Mamãe posso namorar meu coleguinha?
Depois que você torna-se psicólogo,consideravelmente, aumenta o número de mães em sua agenda, assim fui questionado quanto ao que fazer naquele momento. Imediatamente, respirei fundo, pensei um pouco, lembrei que quando era criança os adultos também tinham dificuldade com meus questionamentos. Então, apesar de tanta mudança de lá pra cá, a singeleza e autenticidade da criança, ainda são as mesmas de tempos remotos.
A intuição residual daquela hora do dia, claro, junto com a respiração mediana, me permitiu sugerir o seguinte:
Ah! Pergunte para sua filha como seria esse namoro.

Imediatamente, a mãe em tom hostil disparou: Não venha com essa conversa de Psicólogo, ela não tem idade para essas coisas.
No dia seguinte, a mãe conversou comigo mais pacificada, ou seja, a resposta diante da sua indagação foi a seguinte:

- Mamãe! Namorar é brincar só com meu coleguinha, todos os dias da escolinha, durante o recreio.

Algumas vezes, para não dizer sempre, costumamos nos apavorar com temas e indagações que só tem a envergadura do perigo em nossas mentes condicionadas ao erro. A mente ansiosa obscurece a lucidez, reconstrói medos antigos e fantasia ameaças noticiadas na imprensa. A pergunta da criança não anda de mãos dadas com nossos machucados existenciais, nem sua inocência dialoga com nossos medos. Desse modo, o questionamento da criança, desprovido de maldade e com um fim claro, nos lança de frente ao espelho existencial, por exemplo, nos fazendo lembrar que estamos matriculados na mesmo jardim da infância que tanto acreditamos já ter saído.

Marcos Bersam
Psicólogo.
whats: 32 98839-6808
email marcosbersam@gmail.com
instagram: psicologomarcosbersam

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