Num mundo que sempre nos disseram que temos que aprender tudo, assim
desde os primeiros instantes de vida os pais estão ávidos a matricular seus
rebentos nos mais diversos cursos. Afinal aprender nunca é demais, certo?
Errado! Aí temos uma legião de pessoas
formadas, mas não trans-formadas. O conhecimento que não transforma apenas
ocupa espaço no almoxarifado de sua mente. A grande verdade é que ,às vezes, precisamos desaprender conceitos e crenças,
embora possa parecer insano tal conselho. Algumas pessoas no consultório dizem
pra mim: Ah! Quero que você me ensine
sobre isso. No entanto, para surpresa dela proponho que ajude ela a desaprender
, gradativamente, o que acha que sabe. De fato, num primeiro momento a pessoa
se assusta com minha proposta. A sensação de confisco é inevitável.
O bom terapeuta é aquele que reconhece que não é professor, ou seja, não
aceita a sedução de ocupar o lugar de saber; mas encarna o papel de restaurador
de crenças, inclusive tendo paciência para fazer o outro desaprender o que
achava saber. A verdade é que crescemos
acreditando em conceitos que nos aprisionam na mesmice, em tese, graças a
condicionamentos durante toda uma vida. Alguns ainda continuam acreditando que
precisam:
Sacrificar para ter sucesso!
Ter alguém para ser feliz! Ser bonzinho para ser amado! Se você não for para a escola, logo não será ninguém! Se não formar vai passar
dificuldade! Precisa de estabilidade no emprego! Aprender nunca é demais!
A arte de desaprender é mais difícil do que aprender, quando nos
dispomos a desaprender e reconhecer que entulhamos nossa mente com conteúdos
impróprios e desajustados para uma época diferente. Decerto, admitir que
entulhei minha mente com coisas inúteis é um exercício de coragem, pois
gostamos de colecionar crenças.
Assim sendo, reconhecer aquilo que nos foi ensinado está ultrapassado é doloroso,
onde o aperto no peito é inevitável. Por vezes, no sentimos culpados de mudar
nossas crenças; por exemplo, imaginando que precisamos ser herdeiros não do
afeto, mas, sim, das crenças de pessoas que viveram em outra época. Ao
desaprender, você, tem que conciliar com
sua consciência de que não está em litigio com as figuras de afeto do seu
passado, só quando você abandona o orgulho de achar que sabe é que você tem uma
chance de liberar espaço no seu disco rígido mental. Por fim, reconhecer que sempre há tempo de
desaprender é a grande sacada para retirar as travas existenciais que tanto
impedem você de crescer.
Marcos Bersam
Psicólogo
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