sábado, 14 de novembro de 2015

QUANDO A INTIMIDADE É VIOLENTADA.

QUEM VOCÊ COLOCA DENTRO DE CASA?

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Disfarçado de conselho, eficaz como uma vacina, preciso como teorema matemático; assim, ecoava em meus ouvidos o seguinte mantra: “Cuidado! Com quem você coloca dentro de casa". O senso de cautela pigmentado com porções de medo, claro, dava um tom de alerta. Antes do advento da internet, a casa de alguém ficava confinada atrás de portas, janelas e paredes. Assim sendo, lá repousava o que você tinha de mais precioso, ou melhor, sagrado.
A intimidade não era um produto, um modismo, nem ao menos, um objeto de fetiche. Era a última fronteira dos que você definitivamente, amava. Atualmente, a casa-intimidade , da pessoa não requer fechaduras, trancas ou portões; ora, está a um clique do mouse.


A casa de tempos idos, exigia flores e jardins na sua fachada; hoje em dia, fotos e selfie - imagens teimam em concorrer com autenticidade dos perfumes . Afinal, ao cultuar a imagem perfeita, patrocina a ilusão daquilo que convém para o momento. Portanto, estas-imagens; costumam exalar um odor sintético, similar a fragrância da euforia, tampouco esconda a tristeza do sorriso premeditado. A arte de enfeitar o ego conspirou contra as fragrâncias legitimas. A internet deslocou a casa para o cyberespaço. Desta feita, sua casa, de hoje, desloca-se junto com sua pretensão, medos e desejos, portanto, ela pode estar, ali, na bolsa, emoldurada por um monitor de celular ou na tela do tablet.

Num misto de compulsão a destrancar portas e janelas, para sentir-se “cidadão digital”, você corre o risco de promover uma algazarra na calçada de suas emoções. A casa emocional, de alguns, deslocou-se para frente dos muros e da cerca de proteção, a casa- intimidade;passou para o espaço público. Em parte, as fechaduras ficaram obsoletas,as portas estão emperradas, os muros ficaram diminutos e a cautela ficou ultrapassada, concomitantemente, com os gritos de uma intimidade violentada. 

Nesse ínterim, basta uma “bolinha verde”- disponível; para requerer o passaporte para invadir, não somente, as fronteiras de sua casa, mas também a alcova alojada no interior de sua morada-sentimentos. A falta de fronteiras determinadas , dos tempos atuais, gera uma orfandade de segurança, onde o senso de zelo, cuidado e pertencimento ficam negligenciados. Enfim, na esteira do clichê empoeirado de ser psicologicamente correto; com o verniz da modernidade digital ,você, negocia mal os critérios dos que se avizinham de sua intimidade. A saudade da singeleza dos conselhos de tempos recuados, de fato, coincide com a pressa de ser intimo a qualquer preço, quando a cautela era a última fechadura a testemunhar que , a entrada naquela casa, era fruto de méritos do candidato a visitar seu santuário.


MARCOS BERSAM
PSICÓLOGO

contatos: 

face: psicólogo marcos bersam
email: marcosbersam@gmail.com

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