sexta-feira, 11 de julho de 2014

VERGONHA


PSICOLOGIA DA VERGONHA



Diferente das emoções primárias, a vergonha se constrói de forma mais sofisticada. Então, ter vergonha coincide com o famoso complexo de Édipo, porém, para termos vergonha necessitamos do olhar do outro. A vergonha só existe depois de você ter um cardápio moral mínimo, ou seja, valores, condutas e um senso de estética e justiça que te distancia do animal. Portanto, temos a nossa imagem real e a imaginária, quase sempre, a vergonha procura manter, preservar o reflexo desta- imaginária. Quando sentimos envergonhados, ficamos sem as vestes da imagem que gostaríamos de preservar, aliás, o descompasso entre o que sou e o que gostaria de ser, ou, o que um dia pensei que fosse. Enfim, tal situação, cria um descompasso embaraçoso sob o olhar do outro. Assim, a vergonha é uma possibilidade para me ver como sempre fui. A vergonha desnuda suas fragilidades, confisca suas ilusões, e empurra a realidade goela abaixo. Finalmente, a vergonha causa um incômodo enorme, entretanto, faz você alforriar-se do que o outro vai pensar, aliás, é o momento oportuno para você deixar de olhar para fora. Ora, enxergar-se por dentro, com as lentes da consciência, pode ser determinante para saber se você será agasalhado pelos ventos da mudança, ou continuará sendo um eterno “sem vergonha”.

Marcos Bersam
Psicólogo
skype: marcos.antonio.mello.bersam

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