segunda-feira, 30 de julho de 2012

DE NOVO GABRIELA!




  Era para ser apenas mais um momento de descontração na poltrona de minha casa, é bem verdade que o corpo jogado no sofá em total desalinho desafiava a lei da gravidade. A única parte do corpo capaz de arriscar um movimento sem comprometer a preguiça recorrente era a mão que tentava algum comando do controle remoto. Atônito, foi que constatei o que parecia imponderável, ou seja, mais um remake da novela Gabriela. Como já fazia tempo sem atualizar o site e sem escrever algum artigo usei a indignação inicial como combustível para alimentar quem sabe um artigo.  Não sei como tem tantas novelas no mesmo dia. Enfim; é melhor me silenciar, pois sei que falar mal de novela pode fazer eu perder os poucos leitores que ainda teimam em me ajudar lendo meus artigos de Psicologia. E por falar em novela; vamos falar de pessoas que teimam em assegurar que são assim mesmo e não vão mudar. Num misto de orgulho e soberba dizem: “quem quiser que me aceite como sou”, ou aquela frase célebre” sou assim e ponto final”, “ quem quiser que me aceite como sou”. Olha não sei se vocês sabem que um dos motivos de todo ano ter campanha de vacinação é decorrente da mutação do vírus. Isso mesmo que você ouviu, ou seja, até o vírus mais boçal muda com o tempo, estaria então o ser humano condenado a rigidez de caráter?
 Nesse mundo que mudou tanto e vem mudando cada vez mais, tem pessoas que relutam em admitir que precisem metamorfosear-se, na contramão disso todos percebem que o orgulho impede que essa pessoa promova as mudanças necessárias. De modo geral a mudança não acontece por acaso; é esperado que anterior a isso o sujeito comece a ter perdas ou dificuldades de diversas ordens. A dificuldade de mudar quase sempre aponta um caráter neurótico, podemos dizer que mudamos em virtude de sermos atravessados pelo desejo. E esse último da o tom do humano; somos bichos forjados na insatisfação quase constante. Não admitir a mudança é amordaçar o desejo; o humano que nos diferencia dos animais. O bicho não muda, você já viu uma vaca, cavalo, ou cachorro sem saber o que fazer? Eles não mudam a escolha profissional, não decidem se divorciar, não ficam ansiosos, nem tem medo de elevador ou qualquer outra fobia. Então a novela é bem propicia para ilustrar os que teimam em mudar, porque quase toda semana vem até meu consultório uma GABRIELA
 Explico melhor! Não demora muito, nos meus atendimentos constatar e ouvir de determinadas clientes: não consigo fazer diferente, sou incapaz, não adianta nada, tenho que me conformar, ruim com ele pior sem ele, é assim e ponto final. Costumam afirmar que nasceram assim e vão morrer assim, ou seja, imaginam que não podem fazer diferente. Lembram-se do vírus? Admitir isso é se colocar aquém do vírus da gripe.
     Aprisionadas na sua própria lamentação poderiam repetir a canção, entretanto, não apenas as mulheres são assim; existem homens Gabrielas, ou seja, aqueles que não percebem que precisam mudar. Deixar de arriscar, ousar e acreditar que você pode fazer diferente, enveredar pelo caminho inverso pode fazer com que se perca amores, oportunidades,  empregos, ou famílias. Enfim, se essa canção lhe parece familiar, logo você pode ser a Gabriela dos tempos modernos.
“Eu nasci assim, eu cresci assim
Eu sou mesmo assim
Vou ser sempre assim
Gabriela, sempre Gabriela”



MARCOS BERSAM
PSICÓLOGO CLÍNICO

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