quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A ARTE DE MENTIR


Desde os tempos em que Moises recebeu os dez mandamentos; lá estava explícita a proibição: não levantar falso testemunho. Parecia que o criador já sabia que seus filhos poderiam; durante a vida; faltar com a verdade; ou seja, mentir. Hoje mais do que nunca afetados pelos politicamente e psicologicamente corretos; estes últimos dirão que a verdade sempre é o melhor caminho. Será? Qual de nós nunca mentiu sobre sua idade; o peso; curso nunca realizado; a promoção que nunca chegou ou as virtudes que nunca existiram. 

Costumo dizer que a mentira é ingrediente necessário para a civilização existir como tal; sem esta não teríamos a ilusão; a fantasia que são componentes indispensáveis do humano. O mentiroso na verdade é um sujeito com excelente capacidade de imaginação; que cria uma realidade paralela. Ele faz uma espécie de delírio programado; o mentiroso é um neurótico que ensaia sua psicose latente timidamente; pois rompe com a realidade também. Essa neurose que tem na mentira o sintoma principal recebe o nome de mitomania; é o sujeito que mente compulsivamente. 

É importante que saibamos que temos um eu real; ou seja, aquilo que você de fato é; e um eu imaginário, ideal que se caracteriza por ser aquilo que você almeja; este eu só existe no mundo do faz de conta. Quando ocorre um hiato existencial entre o eu real e o eu ideal; quando temos consciência que estamos muito aquém do eu ideal; temos como recurso usar um atalho para fazermos uma aproximação imediata e súbita. 

Muitos encontram desse modo na mentira uma maneira de aplacar a angustia causada pela insatisfação do sujeito de se deparar com a falta; com a imperfeição; com o real. E interessante que os pais são os primeiros professores da mentira; a mãe briga com o pai e fica triste ai vem o filho e indaga o motivo da tristeza que ele percebe no semblante de sua mãe .Esta prontamente responde: não é nada; estou com dor de cabeça. 

O telefone toca; do outro lado da linha aquele parente indesejável querendo agendar uma visita; o pai prontamente exige que o filho fale o seguinte: diga que não estou. É sempre bom lembrarmos que só existe o mentiroso quando existe alguém que precisa ou deseja inconscientemente ser enganado; por incrível que pareça o homem é animal que muitas vezes tem o prazer de ser enganado; o que dizer da mágica. Você sabe que será enganado e mesmo assim aplaude o show e quando você descobre a mágica ocorre uma frustração não queremos saber como fomos ludibriados; isso mostra que necessitamos desse enigma”mentira” e isso provoca prazer. 

O bom ator é aquele que melhor representa; fingi ou poderíamos dizer também constrói uma realidade; ou seja, o ator é mentiroso profissional claro que com todos os requintes da sublimação. Já na contramão disso temos o estelionatário que também é um mentiroso; será que este é tão diferente do mágico; do ator na eficiência e na forma de representar; de fingir; de inventar que a mentira propõe. 

E isso meus amigos vamos deixar de lado os psicologicamente corretos e lembrarmo-nos de uma mentira gostosa que acredito que todos um dia viveram e que nos fez muito bem; quando acreditávamos em Papai Noel. E interessante que essa mentira foi contada pelas pessoas que mais te amaram ; e o mais impressionante era uma mentira hoje; mas uma verdade absoluta naquela época; ou você tem dúvidas?

PSICÓLOGO MARCOS BERSAM

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